Então
Hanna foi. Sem medo, sem receio. Talvez sentisse medo e receio, mas não deu importância. Deixou pra trás quem mais amava.
Sabia que decepcionara a irmã no dia de seu aniversário, mas
precisava fazer. Era naquela hora ou nunca seria. No coração levava
a esperança de que um dia eles entendessem.
Que será
que pensavam? Que fugiu com um namorado? Não foi assim. Que
enlouqueceu? Que alguém a forçou a isso? Eles provavelmente
pensavam tanta coisa. Mas só ela sabia o verdadeiro motivo dessa
mudança. Isso, mudança era a palavra. Para ela aquilo não era uma
fuga, mas uma busca.
Ela tinha
planos que não se encaixariam na bela moldura da foto sobre o
aparador da sala. Seus sonhos eram sem tamanho, sua vontade sem
limites, sua estrela precisava brilhar. E ela foi. Com o futuro nas
asas, levou lenço, documento, o retrato da irmã e um coração
pulsante. Havia pensado muito, havia estudado as possibilidades e
medido, de alguma forma, as consequências. E pela primeira vez teve
coragem de ouvir o coração.
Saiu pela
porta e tentou não olhar para trás. Apertou no peito a medalha dada
pela avó e, num suspiro, seguiu seu novo caminho.
Um dia
eles entenderiam...