sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Sobre escovas de dentes, toalhas molhadas e uma vida de nós dois.

E a cada vez que acordo e não vejo ninguém ao meu lado, penso em tudo que aconteceu desde aquele dia. E penso na saudade que meu coração reclama e na vontade de matá-la, usando de beijos e carinhos infinitos.
Penso nos planos que tenho pra mim, nos planos que tenho para você, nos planos que nós temos para uma vida de nós dois.
Olho o relógio, o calendário, olho, mais uma vez, o espaço vazio ao meu lado na cama.
Sorrio sem pretensão.
A noite escura que entra pela janela me diz que ainda há algum tempo para dormir.
Fecho os olhos, penso em nós mais uma vez e, sem perceber, os pensamentos se transformam em leves sonhos que vão, aos poucos, tomando forma.
No banheiro, duas escovas de dentes se entreolham. Sobre a cama, toalhas molhadas se misturam em meio a risos soltos e um amor diferente dos outros amores.
Cenário de uma vida de sonhos reais, um pra sempre que existe e um futuro que acontece a cada instante.



P.s.: E então você apareceu, enchendo minha alma com novas cores, nos meus olhos mais estrelas e, no coração, um mundo vermelho chamado amor (que é todo seu).

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Lembre da nossa música.


O sol já havia se posto, apesar do cansaço, ela chegou em casa sorrindo. Só passava pela cabeça como era uma garota de sorte. Colocou sua "música" preferida, apanhou duas ou três folhas de um papel bordado, uma caneta de cor bonita e escreveu. Era uma carta. Carta a um amigo. Um anjo! Desses que, aparentemente sem motivos importantes, aparecem na sua vida e dão uma reviravolta que você, por um momento, acredita não aguentar, mas que depois percebe o quão necessário foi isso. Aconteceu mais ou menos assim.
Ela nunca entenderia ao certo o que ocorreu, mas lembrava a todo momento de uma frase que ouvira por aí: nada acontece por acaso!
A cada palavra colocada no papel, um novo sorriso se formava em seu rosto. Sorrisos diferentes, especiais. Sorrisos que colocavam pra fora o que as palavras nunca conseguiriam: uma eterna gratidão por alguém que, de uma forma um pouco avessa, ajudou a salvar seu coração.
Ela lembraria pra sempre.
E sorriria sempre.


P.s.: Obrigada!

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Sobre Vinícius e Eu


Que me perdoe o homem que eu amo, mas meu coração hoje é de outro. De um homem que fala sentimentos; aquele que foi abençoado com o dom de traduzir o coração em palavras; que me arranca facilmente lágrimas quando fala, quando canta; um homem que tem o poder de me deixar tonta em cada verso; que parece me conhecer melhor que a mim mesma; um homem que tem o dom do Amor (do amor em todas as suas formas, na sua crua verdade, romântica ou animal, mas amor).
Se me fosse concedido um único desejo, desejaria, com todo meu íntimo, um momento, um segundo que fosse, no qual eu pudesse olhar, só olhar, no fundo dos olhos daquele que eu descobri como sendo a tradução da maior das sensações humanas.
E em meio a meus tantos sonhos, um poema. Um poema sobre Vinícius e eu. Um poema dele para esta que tudo faria se pudesse ser mais um de seus brotinhos indóceis, que daria qualquer coisa por uma palavra com o poeta dos que amam.
A ele, Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes, só posso, na minha condição de admiradora incondicional, agradecer por ter, então, mudado minha vida. Por me ensinar a chorar por amor, a cantar o amor, a acreditar no amor, a descobrir o que é preciso para viver um grande amor. Que, principalmente, me fez entender que até eu, quem diria, posso ser uma menina com uma flor.
E, outra vez, que me perdoe o homem que eu amo, mas, dos meus sonhos, queria ter tido eu, uma vida com Vinícius.


P.s.:
"Poeta
Poetinha vagabundo
Quem dera todo mundo
Fosse assim feito você
Que a vida não gosta de esperar
A vida é pra valer
A vida é pra levar
Vinicius, velho, saravá"
(Samba Para Vinícius - Toquinho e Chico Buarque)

sábado, 4 de agosto de 2007

Ao meu Amor

Porque o que eu mais queria mesmo era que se passassem logo uns dez anos, pra eu ver que se tornaram reais os meus planos. Meus planos pra mim e, de uma forma um pouco egoísta (assumo!), meus planos para você. Talvez fique menos feio e mais sincero se eu disser que o que eu mais queria nessa vida é que dez anos se passassem assim logo pra eu ter a certeza de "nós".
Na verdade, o que eu queria mesmo era poder dar um pulinho no futuro, sem ninguem me ver, pra poder te olhar. Olhar você dormindo e ver teu braço ao redor do meu corpo; ver teu sorriso ao ler os bilhetinhos de "eu te amo" - os que eu deixarei pra você - pregados na geladeira, em meio a todos os muitos e muitos ímãs com numeros de disk-qualquer coisa (não sabemos cozinhar, lembra?); ver meu sorriso ao ler os bilhetinhos de "eu te amo" - os que você deixará pra mim - que cairão quando, um pouco atrasada, eu pegar meus tantos desenhos de forma desajeitada. Queria olhar assim, bem escondidinha, você brigando comigo por causa das toalhas molhadas na cama. Me ver brigando com você por causa de mais um atraso. Te ver preocupado nos dias em que eu chegar muda e com os olhos molhados. Me encontrar dizendo palavras confortantes naquelas horas em que você quererá gritar com o mundo. Espiar nós dois fazendo planos futuros e querer dar outro pulo no futuro para conferí-los.
Eu queria mesmo anotar cada detalhe, cada ruguinha nova que apareceu na sua testa, cada tom de cor que terá no meu cabelo, cada lençol guardado no armário, cada desenho da sua coleção de canecas (porque você gosta muito de canecas). Queria poder contar quantos beijos, abraços e carinhos trocaremos; quantos litros de milk-shake o Bob's terá faturado com cada passeio nosso; quantas vezes terei eu quase explodido por não conseguir mostrar tudo que eu sinto por você; quantas piadas cretinas terei eu aguentado; quantas crises minhas terá você aguentado; quantas estrelas teremos olhado, deitados numa grama qualquer, em noites de lua bonita. Queria mesmo poder contar o número de vezes por segundo eu acredito ser a pessoa mais feliz.
Mas fato é que, do futuro, só podemos querer. E do hoje o que eu sei é que, a cada minuto ao teu lado, descubro em mim uma nova célula, mais uma na formação desse órgão (ainda não reconhecido cientificamente) chamado amor e , junto, a certeza do pra sempre que existe.



P.s.:

"...Deverias chamar-te claridade

Pelo modo espontâneo, franco e aberto
Com que encheste de cor meu mundo escuro..."

(Vinícius de Moraes)

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Sobre olhos que inspiram


Quarta feira - algo em torno de seis e meia da manhã -, não diferente dos outros dias, entro no ônibus, cumprimento o motorista. Cumprimento o trocador, passo pela roleta e, num lapso de olhar, meus olhos cruzam com outros, castanhos estes. Nada anormal, a não ser a intrigante imagem com o qual me deparei: usava um agasalho de lã - gola alta - sob outro agasalho, este fechado com zíper, gola alta também, numa lã em tons azulados com alguns detalhes em vermelho. Elegante. Não era muito alto, nariz fino, usava um jeans claro do tipo rasgado e um sapato social marrom, aparentando uma personalidade autêntica.
Os cabelos lisos um pouco bagunçados e a barba mal-feita ilustravam o semblante sonolento. O caderno no colo - capa amerala, desenho de um carro que não me lembro o modelo - dava idéia de aula. Talvez fosse para faculdade. Parecia mesmo universitário.
Vez ou outra percebi que olhava, discretamente, em minha direção. Um olhar tão intrigado quanto o meu. Não consigo imaginar o que passava por trás daqueles olhos castanhos que miravam a janela tão distraídos.
Era bonito.
O ponto em que eu desceria se aproximou. Levantei-me, toquei o sinal e esperei, enquanto olhava, uma última vez, aquela imagem. Desci.
Gostaria de saber qual terá sido seu destino, por que ruas passou até chegar ao lugar certo, o que escreveu nas folhas do caderno, a quem cumprimentou e sorriu, quem era.
Não o verei novamente, mas não esquecerei do moço que, numa quarta-feira qualquer, sem a menor idéia que o fazia, me inspirou um novo texto.
Mais um dos mistérios da arte.



P.s.: Talvez a inspiração esteja guardada nos olhos dos que vêem com o coração. Poetas. Sonhadores. Nós.