sexta-feira, 29 de junho de 2007

Dos (nossos) romances de cinema


Fim de semana, nada socialmente interessante pra fazer. Por que não passar na locadora e pegar um filmezinho romântico dessa vez? Assistir com a mamãe, com a amiga que também não ia fazer nada, com o namorado de vez em quando, sozinha que seja. Por que não?
Tem a personagem principal, e tem a melhor amiga. E tem a principal se fazendo de melhor amiga e a melhor amiga se fazendo de principal. Tem o bonitão que não vale nada. E tem os olhos azuis (ou da cor que for) do cara bonitinho que sabe fazer a principal (ou a melhor amiga, em certos casos) se sentir a pessoa mais feliz do mundo. Tem os Jude Law's e as Cameron Dias' (e os milhares de ouros atores preferidos), tem os velhinhos que dão sempre os conselhos certos.
E tem os beijos, os abraços, os sorrisos. Estes últimos não só dos personagens, mas os seus. Sem esquecer dos chocolates e pipocas e besteirinhas que sempre estão do lado.
Uma gargalhada aqui, uma lagrimazinha ali, uma trilha sonora que te balança toda, uma estória que você assiste pensando ser tudo que você precisava naquele momento.
E tem os créditos do final. E é depois deles que vem o filme em si, em todas as cenas que passam pela sua cabeça. Não só pela vontade de ter um final mágico, mas pela certeza de que vale a pena tentar (pelo menos isso) viver um final desses todos os dias. Porque possível é, mas às vezes a gente esquece. E num fim de semana qualquer sem nada socialmente interessante pra fazer você pega um filmezinho de amor na locadora e relembra de tudo.
E se sente assim, românticamente feliz.



P.s.: "O amor é filme; eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama."

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Da felicidade que fica ao lado (e que nem sempre a gente enxerga)


Ela, que é apaixonada pelo menino mais bonito da escola, olhava de longe. "Ele é tão bonito!"
Ela, que sempre viveu por um amor inatigível, observava de longe, pensativa. "Um dia ele vai olhar pra mim! Eh! Vai olhar!"
Ela, que se matava aos poucos cada vez que o via com outras meninas, sofria de longe. "Oferecidas!"
Ela, que só tinha ele na cabeça, sonhava de longe. "Vai ver ele até gosta de mim também, mas não tem coragem de falar. Tenho certeza que é isso!"
Ela, que rabiscava corações maltraçados pelas folhas dos cadernos, tentava esconder algumas lágrimas que insistiam em escorrer pelo rosto avermelhado. "Será que um dia eu vou ser feliz?"
Ela, que só pensava no menino mais bonito da escola e insistia em viver de amores inventados e sonhos por trás de lágrimas, não conseguia ver que ali, não tão longe, um par de olhos castanhos de um rosto não tão bonito como o do menino mais bonito, mas tão especial quanto, olhava para ela com um coração cheio de bons sentimentos e um bilhete de entrada pra felicidade que ela sempre acreditou existir.


p.s.: "Saber amar, é saber deixar alguém te amar."

terça-feira, 12 de junho de 2007

Das estrelas que também amam


Ele repara em cada detalhe das florezinhas coloridas estampadas no pijama amarelo dela. Percorre todo o corpo com os olhos, desenhando cada linha na cabeça. E enquanto alisa os cabelos dela, que dorme tranquila, sorri.
Ela gosta de acordar primeiro e, ainda sonolenta, dar um beijo na pontinha do nariz dele. É como um despertador para ela, que então abre os olhos e fica bons minutos admirando e contornando com leveza os traços do rosto dele, que dorme tranquilo.E sorri.
Pensamentos perdidos enquanto olham o teto coberto por estrelinhas fluerescentes do quarto dela.
- Impressão ou as estrelinhas estão coladas duas a duas?
- Impressão não.
- Por que duas a duas?
- Não conseguia mais olhar cada estrelinha no seu canto. Parecia tão solitário. Talvez as estrelas também amem.
- Engraçado! - um leve sorriso no canto dos lábios - Faz algum sentido.
- Já reparou como tudo fica tão mais bonito quando se está junto?
- Nós, por exemplo?!
- Eh...
- Te amo!
- Também!
Depois de uma ajeitada no edredon embolado, se abraçam para dormir mais um pouco. Sorrindo.



p.s.: feliz dia dos namorados :)

domingo, 10 de junho de 2007

Dessas coisas que a gente tem que aguentar


Saudade é mais ou menos como aquela amiga falsa que sempre aparece na vida. No começo é até romântico, faz bem pra alma, nutre o sentimento. Mas é conviver um pouquinho mais com ela que logo se sente a facada nas costas, no caso, no peito. E quando se vê, não tem mais jeito, o estrago foi feito. E o coração parece ser apertado por uma mão gigante que não se abre. E dói. Então um dia a saudade vai embora. É tudo alegria!
Mas uma breve piscadinha e lá vem ela com a mesma carinha de boa samaritana. Você jura pra si mesmo que não vai sentir aquilo tudo outra vez, se atreve até a soltar um sorrisinho amarelado (tão falso quanto o dela). E numa outra piscadinha, volta a mãozona pra apertar o coração.
E fica assim, nesse vai e vem que a saudade toma conta, até chegar a hora em que algum feliz faz questão de se intrometer em seu lacrimoso martírio (atrevido!) e solta alguma coisa do tipo "Dói? Então você tá vivo!".
Já reparou como o mundo para nessa hora? É quando você entende (pelo menos tenta) que esse é mais um dos contratempos que a vida coloca pra testar sua força (ou seu cinismo) e ver com que cara você sai dessa.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Do pra sempre que existe

Os passos ja não eram tão leves, mas a sincronia se mantinha impecável; as mãos unidas transportando sentimento de um ao outro; os corpos num balanço encantado; a música era a mesma.
Os últimos raios de sol batendo nas jenelas do velho apartamento traziam o fim da tarde. Deitada no ombro dele, olhando aquele céu em tons alaranjados ela se lembrava da primeira vez que dançaram ali, naquela mesma sala, ainda sem móveis, um pouco sujos por causa da poeira da nova casa, há quase sessenta anos.
Os dois corações ja não tão jovens batiam no mesmo compasso, embalando um sentimento inexplicável, enquanto dançavam.
E sempre foi assim, e sempre seria assim.
De cabeça baixa ela sorria. Ele, com um beijo na testa, a agradecia silenciosamente pelo amor que jamais entenderia, mas que tinha certeza ser a coisa mais preciosa que poderia ter na vida.


p.s: "Everybody got something that they want to sing about, laugh
about, cry about. It's true. For me it's you."
(Train)

domingo, 3 de junho de 2007

Sobre o mundo que te faz feliz - parte II (do tempo que pode voltar)


Os "x" vermelhos marcados no enorme calendário pendurado na parede do quarto mostravam que o dia havia chegado. O coração saltava. Ela comemorava em silêncio. O tempo era só dela, que se sentia de novo a menina de onze anos de idade como um dia ja fora, anciosa pelo vestido e os sapatinhos brancos de missa de domingo (não que ela gostasse tanto assim de missa, mas "ele" estaria lá).
A menina grande que se tornara já não precisava esperar pelos cultos de domingo; os sapatinhos brancos eram agora vermelhos; o vestido doce era então qualquer coisa que a deixasse confortável; os olhos eram os mesmos, ainda brilhavam como da primeira vez que o viu brincando na praça vestindo aquelas adoráveis calças curtas. Será que ele se lembraria dos sapatinhos brancos? Talvez lembraria do laço de fita cor-de-rosa que prendia a cintura do vestidinho dela (pegou o laço que ainda guaradava e colocou-o cuidadosamente na bolsa). Junto às inúmeras dúvidas infantis que percorriam a cabeça, uma a assustava: "E se ele não gostar de mim agora?!"
Olhou-se mais uma vez no espelho, certificando-se de que estava tudo em ordem, mirou o calendário novamente, fechou os olhos, suspirou.
"Ele voltou."
Luz apagada, duas voltas na fechadura. Segurando o coração, ia ela ao encontro do que jurou não perder jamais.

sábado, 2 de junho de 2007

Do que te congela a alma


O frio veio forte. A pele sentia com as rachaduras feitas pela baixa temperatura. O vento uivava. Os dentes se cumprimentavam. Tremia. E era assim por dentro. A saudade incomodava. A casa estava cheia, a solidão assídua marcava presença.
A música ajudava a esquentar um pouco, umas e outras lágrimas semi-congeladas brotavam nos olhos perdidos em lembranças, enquanto la fora a cidade queimava sob o sol do dia mais quente dos últimos sete anos.
O som do relógio de pêndulo fazia o tempo voltar. Perdida nos minutos que pareciam horas, a mesma frase circulava pela sala:
"Como seria bom se você estivesse aqui."