domingo, 22 de janeiro de 2012

 Saudade é um trem. Um trem mesmo. Descarrilado, desenfreado, queimando carvão dentro da gente, enfumaçando a cabeça, num barulho ensurdecedor. Um trem sem pressa de chegar na estação. Mas a gente tem pressa.
Saudade é assim, a gente até dá a mão, mas ela só se contenta com o coração. Inteiro.

Mascote

Todo time tem um mascote, muitas irmandades e associações têm mascote, e agora, o Sofá Azul também tem. :)
Essa bonequinha super fofa foi presente da minha prima Sarinha, que me surpreendeu ao me enviar uma mini eu, de cabelos verdes, sentada num sofá azul. Fui nas nuvens de alegria. Por isso, nada mais justo que ela seja representante do blog, que é parte de mim, da minha vida, e de tudo que eu penso.


Charme ela tem demais, cores também, e muita, muita imaginação. Só não tem um nome :(
É por isso que, ao apresentá-la, peço aos leitores do Memórias de um Sofá Azul sugestões para um nome que possa ser dela.
Não é concurso cultural nem tem prêmio no fim, mas o nome que tiver mais a ver com a gente vai ser oficializado. :)




Conto com vocês! ;)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Dos escritos - Lembranças


Olhava no espelho e tentava lembrar da menina de cabelos longos embaraçados e as mãos sujas de lama, como sempre acontecia nas férias de julho. Buscava na memórias as broncas da mãe, que enlouquecia ao ver sujo o vestido azul da caçula. Tentava se lembrar das feições da irmã mais velha.
Hanna era tão bonita, com seus cabelos castanhos, tão diferentes dos seus, louros como o sol. Não gostava de prender os cabelos, na verdade nunca gostou de nada que a prendesse qualquer que fosse o motivo. Usava shorts e camisetas largas, a contragosto da mãe, e seus tênis imundos, dizia ela, guardavam suas histórias. Hanna era uma garota bonita, de olhos verdes e cílios compridos, traços finos e um sorriso modesto, e uma cabeça diferente de tudo que Ellie conhecia.
- L, olha aqui! Tá vendo essa lagarta? Feia, neh? Mas daqui a pouco ela vai deixar de ser assim, sem graça, e vai virar uma borboleta tão bonita como as que você gosta. Eu também vou. - e sorriu pra irmã, sem dizer mais palavras.
Quase doze anos depois, já não existia mais o cabelo dourado nem as mãos sujas; o coração suplicava por uma bronca, ou qualquer tipo de atenção vinda da mãe, que perdera a tempos o brilho dos olhos. Virou o rosto na direção da janela e esperou ver, quem sabe, uma borboleta colorida que a fizesse voltar, de verdade, no tempo.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Meu horizonte

 Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
- O que eu vejo é o beco.

Poema do beco - Manuel Bandeira (1933)


Saudades desse (belo) horizonte...

Gostava de me apoiar no parapeito da janela e reparar o movimento no estacionamento do Mercado. Tentava enxergar qualquer coisa que me desse uma pista da vida atrás das janelas dos prédios quase vizinhos. Olhava o céu azul e me perdia... Podia ver o pôr-do-sol e as primeiras estrelas, o relógio do JK acender e me avisar quando era tarde. Podia ouvir o silêncio que existe por baixo dos barulhos do trânsito, e me sentia viva. A vista tinha um cheiro próprio, sim, um cheiro, um som, quase tocável. Uma mistura de sentidos que me inundava de pensamentos. E eu sorria sozinha e observava por horas a fio, até que alguém girasse a chave na fechadura barulhenta da porta. Certas saudades só a gente sente.