Ei, Câncer! Sim, você mesmo! Não,
Signo, pode ficar quietinho, meu papo hoje é com o outro, seu xará da pesada.
Sim, Sr. Câncer, minha conversa hoje é com você.
Preciso te falar umas verdades,
especialmente hoje, preciso pra valer. Não sou dessas de abrir o jogo quando tô
chateada com alguém, faço mais o tipo engolidora de sapo, você sabe, mas dessa
vez você passou dos limites, e acho que alguém precisa logo te dar esse toque.
Primeira coisa, quem te convidou
pra festa? Por que tanta raiva? Tanto desespero pra ocupar o espaço, ser o
centro da pista de dança? Isso não ta legal. Queima mais ainda tua imagem, fica
feio. E essa necessidade toda de roubar a beleza da vida? Por que essa
agressividade?
Sei que há quem te ature, quem te
agüente por um longo tempo com paciência. Sei que algumas pessoas conseguem te
dar uma rasteira também. E sei, pior é que sei, que você adora fazer uma
surpresinha desagradável. Bem no estilo daquela visita que insiste em aparecer
sem ligar antes. Alguém devia ter te ensinado umas regrinhas de etiqueta.
Às vezes perco horas tentando entender
quem te fez assim. Será má criação? Desvio de índole? Ou somente um seco e tenebroso
prazer em fazer o mal? Desculpe, mas não gosto de você. Aliás, não me desculpo,
porque eu não me culpo. Você faz por onde merecer esse desprezo que eu sinto,
que tanta gente sente.
Confesso que estávamos bem, até
você aparecer assim tão perto de mim. Confesso também que, apesar de estarmos
bem, eu nunca fui com a sua cara. Mas, agora, é diferente. Você mexeu com quem
não devia e insiste em ficar. Não tá certo. Não dá pra aceitar.
Coloque um pouco de dignidade
nessa cara e me faça um favor? Volta pro lugar de onde veio. Fique quieto lá.
Deixa a gente viver em paz. Deixa a gente voltar a curtir só com cores e
sorrisos na cara a festa que a vida deu pra gente. Guarde sua amargura pra
você, a gente não te quer. Larga de drama, aceite logo! Aqui não é lugar pra
você.
Volto a dizer: não fui com a sua
cara! E farei cara feia até você sumir. Continuarei distribuindo sorrisos e
colorindo alguns mundos, afinal, fui feita pra isso, mas não esquecerei você.
Aguardo seu bom senso aparecer.
Prefiro não dizer “até breve”.