sexta-feira, 17 de junho de 2016

Dos Escritos - ...

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Tantos anos depois e a feição era a mesma. Como num sopro de um vento leve voltei dez anos na minha vida, no dia em que a vi pela última vez.
Os olhos verdes continuam penetrantes, os cabelos, agora acobreados, exibem os cachos que por tanto tempo ela tentou esconder.
Os lábios ainda contornam o sorriso que nunca saiu da minha memória.
Se ao menos eu tivesse algum tipo de coragem. Era a última coisa que eu tinha naquele momento.
O frio na barriga se repetiu dez anos depois. Será que se sentiam assim todos os que cruzavam o caminho dela?
Jamais lembraria de mim. Não quis pagar pra ver.
Do canto da minha mesa, próxima à janela do bar, meti a cara na cartela de bebidas - nunca bebi na vida - e me escondi quando passou ao meu lado.
Tentei não fazer, mas a segui com os olhos, os mesmo olhos que em algum dia da minha vida se encantaram pelo jeito dela.
De alguns amores não há muito o que saber, só imaginar. A lembrança que insiste em manter viva a chama do que não aconteceu e a vida que prega peças assim, sem pudores, no anoitecer de uma quarta-feira em que tudo que eu queria era acreditar que não há mais como me surpreender.

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