terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Meu horizonte

 Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
- O que eu vejo é o beco.

Poema do beco - Manuel Bandeira (1933)


Saudades desse (belo) horizonte...

Gostava de me apoiar no parapeito da janela e reparar o movimento no estacionamento do Mercado. Tentava enxergar qualquer coisa que me desse uma pista da vida atrás das janelas dos prédios quase vizinhos. Olhava o céu azul e me perdia... Podia ver o pôr-do-sol e as primeiras estrelas, o relógio do JK acender e me avisar quando era tarde. Podia ouvir o silêncio que existe por baixo dos barulhos do trânsito, e me sentia viva. A vista tinha um cheiro próprio, sim, um cheiro, um som, quase tocável. Uma mistura de sentidos que me inundava de pensamentos. E eu sorria sozinha e observava por horas a fio, até que alguém girasse a chave na fechadura barulhenta da porta. Certas saudades só a gente sente.

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