quarta-feira, 19 de março de 2014

Estrelas

Aquecida pelas ondas de calor que saiam do chão, no início da noite, ela olhava as estrelas apontando no céu, ali, deitada com seus pensamentos. Lembrava de que, uma vez, quando era pequena, ouviu alguém de dizer que quando as pessoas vão embora elas se tornam estrelas. Ela não sabia qual estrela, em meio a milhões delas, era a dele, então para cada uma delas que despontava no céu escuro, ela dizia “Sinto sua falta.”
As estrelas, todas elas, como se compartilhando do sentimento da garota, pareciam brilhar mais forte, agradecendo pelo gesto. Se cada estrela era de fato alguém que já se foi, de certa forma, elas saberiam que alguém ainda sentia saudades. E ela repetia esse ritual todas as noites, por muito tempo…
Naquela noite em especial uma estrela brilhou mais forte. O brilho diferente a fez sentir uma comichão gostosa no coração. Ele estava ali, ela podia sentir. O calor e o perfume dele foram, por um momento, reais novamente. Até que ouviu alguém sussurrar em seu ouvido “Eu vou estar sempre aqui.”
A partir daquele instante ela quase esqueceu o quanto a vida fora injusta ou o quanto doía o “nunca mais”. A breve presença dele deu a ela a liberdade de ser feliz. Ela soube ali que, por mais que ela se sentisse só, ela nunca estaria só.
“Obrigada” foi o que ela disse ao se despedir daquele céu estrelado. Deixou pra trás o peso no coração e abriu espaço para o amor infinito que ela entendeu que seria “para sempre”.

*Texto escrito e postado em 02/11/2009 num blog quase esquecido, numa época em que eu ainda não sabia o que era perder alguém...

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