quinta-feira, 9 de julho de 2009


Quando o sol se pôs dentro dela, o sol se pôs também la fora. Da janela do sexto andar ela olhava sem atenção os carros eufóricos na avenida por causa do transito das seis da tarde. O vidro fechado da janela foi tocado pelas gotas da chuva que começava a cair, e pelas gostas da pequena chuva que caia dos seus olhos. O por do sol dentro do coração trouxe também nuvens tristes e carregadas. No radio o cd tocava repetidas vezes os mesmos versos que circulavam e circulavam na cabeça dela. “Are you blind?”. Era difícil aceitar que amar podia doer tanto, sendo que, até então, só a tinha feito descobrir coisas tão maravilhosas. “Can’t you see me standing here, waiting in the light for you?”. O som das buzinas dos carros e ônibus lá em baixo misturava-se com os fantasmas das memórias. Ela não podia entender porque não conseguia sorrir. Por que o único sentimento que fazia parte dela era aquela dor tão intensa e profunda, tão intensa e profunda como tinha sido a felicidade dela, deles, até dois dias antes. Não parecia justo. Talvez não fosse mesmo.
Ali, naquele fim de tarde, ela não tinha nada além da chuva na janela, as lagrimas nos olhos, as nuvens escuras de fora e de dentro, os versos repetidos do Pat Monahan e a companhia dela mesma. Mais nada.
Só a espera...

3 comentários:

  1. Lindíssimo! Tocante, profundo, puro jazz! Bjs.

    ResponderExcluir
  2. Fiz um blog pra mim esses dias. Ao mostrá-lo para o meu irmão ele disse: "Hum... bacana! Conheço um outro blog também muito legal". Entrou no seu blog! E eu com minha cara de caneca: "Conheço!"

    ResponderExcluir