segunda-feira, 18 de março de 2013

Da falta e do abraço

Talvez o que eu mais sinta falta seja do teu abraço. É nele que tá guardado teu cheiro, a mistura envolvente da tua pele com a fragrância amadeirada do teu perfume favorito. Sinto falta da curva entre teu pescoço e teu ombro, em que encaixo perfeitamente meu queixo e meu nariz, feito aquela velha analogia da chave e da fechadura.
Teu abraço tem um som, essa música que toca sempre que minha pele encosta na tua. A música do abraço, de todas as músicas da trilha sonora do corpo, é a que mais gruda na cabeça. Porque, sem que a gente perceba, penetra nos poros e suas notas passeiam pela corrente sanguínea até não ter mais volta. Os pés se movimentam num ritmo leve - um passo proa um lado, um pro outro -, as minhas mãos escorregam pelas tuas costas, as tuas percorrem minha cintura. E o breve espaço de tempo que dura um abraço passa a parecer uma longa tarde que culmina na beleza de um pôr-do-sol, nos raios dourados que adentram a janela.
Sim, dessa distância, o que mais me incomoda é a falta do teu abraço, do nosso abraço, que deixa quente a alma da gente e que escreve a nossa história.

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