terça-feira, 29 de outubro de 2013

Sobre um amor amigo e um quase pra sempre


Lembra quando a gente tentou escrever um poema juntos? Conseguimos uns três versos e passamos o resto do encontro e entre risos e conversas... O que você não lembra, ou não sabe, é que eu sempre me perguntei como teria sido se a gente tivesse conseguido.
Antes de qualquer coisa, você me viu por dentro. Leu minhas palavras, escutou meus lamentos, riu deles. Gostou de mim sem esperar nada em troca, por mais que quisesse algo em troca. Respeitou minha felicidade, sem trapaças, sem maldade, só carinho.
Nessas idas e vindas da vida, de eu e você, de amizades, sumiços, aparições repentinas, um gole de vinho, uns acordes, uma noite, uma lembrança e um pra sempre, a gente segue feito o que há de ser. Encontrei meu caminho e sou tão feliz por ver você encontrando o seu. E rio sozinha ao pensar que isso era também um pouco do meu desejo mais profundo pra você: te olhar seguindo a linha do  tapete que te entregará aos olhos e sorriso que, enfim, te pegaram de jeito.
Você me deu um bocado de memórias pra chamar de minhas, me “fez bonita como há muito tempo não queria ousar”. Me deu uma saudade que haverá de ser parte de mim enquanto por aqui eu passar. Uma saudade doce que vem com um sorriso de gratidão colado no meu rosto feito selo em cartão postal (desses que a gente nunca há de jogar fora).
Sim, isso é uma carta de amor. Sobre um amor feito na sua impossibilidade, um amor que só uma amizade louca e verdadeira reconhece. Isso é uma carta de amor. Uma carta sobre eu e você, sobre um amor que eu sempre hei de levar nos olhos e na memória.
Você leu minhas palavras, me deu um bocado das suas, e até hoje sinto um certo cheiro de incenso de lótus tomando conta de onde eu estiver. E todas as madrugadas gastas em conversas telefônicas se tornaram música, aquela velha e nossa música, que ninguém mais haverá de recordar.
Sobre o poema, deixa assim, interminado, feito a gente. O maior quase das nossas vidas.
Obrigada!


Um comentário:

  1. Talvez a perfeição esteja mesmo nas coisas não terminadas, num poema inacabado, numa música por compor. O fim é próprio das coisas mortais, perecíveis, humanas. Talvez esse amor por viver seja a oportunidade que temos para permanecer pra sempre, uma vontade de voar que pode ficar no ares mais do que qualquer pássaro. =)

    ResponderExcluir