quarta-feira, 6 de junho de 2007

Do pra sempre que existe

Os passos ja não eram tão leves, mas a sincronia se mantinha impecável; as mãos unidas transportando sentimento de um ao outro; os corpos num balanço encantado; a música era a mesma.
Os últimos raios de sol batendo nas jenelas do velho apartamento traziam o fim da tarde. Deitada no ombro dele, olhando aquele céu em tons alaranjados ela se lembrava da primeira vez que dançaram ali, naquela mesma sala, ainda sem móveis, um pouco sujos por causa da poeira da nova casa, há quase sessenta anos.
Os dois corações ja não tão jovens batiam no mesmo compasso, embalando um sentimento inexplicável, enquanto dançavam.
E sempre foi assim, e sempre seria assim.
De cabeça baixa ela sorria. Ele, com um beijo na testa, a agradecia silenciosamente pelo amor que jamais entenderia, mas que tinha certeza ser a coisa mais preciosa que poderia ter na vida.


p.s: "Everybody got something that they want to sing about, laugh
about, cry about. It's true. For me it's you."
(Train)

4 comentários:

  1. Lindo conto onde a autora uniu o mistério da lineariedade do tempo com a transitoriedade da música e acentuada pela sutileza da dança. O extase provocado pela dança do velho casal no fim de tarde é narrado com uma maestria impecável,dessa, que é uma grande promessa da nossa literaturá.

    (Parabéns Shan, vc é demais ;) )

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  2. =D!
    Shan shan!!
    jah tah pensando como vai ser a velhice como "Lagrimas Sofridas"


    ahuahauahuaa

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  3. Parabens Garota...
    muitoooo bom o seu texto, muito mesmo

    Beijos

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  4. Mais lindo que esse texto, so a foto...
    te amo xuxu

    =*

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